Resenha: Aconteceu em Paris (Molly Hopkins)

Livro: Aconteceu em Paris
(Eve Dexter - Livro 01)
Autor(a): Molly Hopkins
Editora: Novo Conceito
Páginas: 480
Ano: 2013
Sinopse: Evie Dexter quer fazer carreira como guia de turismo. Determinada como é, e cheia de coragem por causa de um ou outro drink, ela logo começa a “melhorar” seu currículo. E consegue um ótimo emprego: acompanhar turistas por toda Paris.Agora é só uma questão de se firmar como profissional demonstrando o seu melhor. Mas os vinhos franceses são tão gostosos... E seu tutor, Rob, é bonito demais!
O primeiro romance de Molly Hopkins é um livro que todo mundo gostaria de ler. É verdade que você pode se incomodar com o comportamento de Evie quando ela descobre que Rob é muito rico, e pode até ser que você ache que Rob é exageradamente controlador. Mas nada é maior que as gargalhadas que você dará quanto mais conhecer a garota descomedida, apaixonada e com um imenso coração que é Evie. Uma moça como muitas que conhecemos.
Preciso começar essa resenha dizendo que, Aconteceu em Paris é um dos livros mais engraçados que eu já li! É cheio de personagens irreverentes e tem uma protagonista muito divertida. É uma mistura de Chick-lit com Comédia Romântica, o que foi divertidíssimo de conferir porque eu consegui até visualizar exatamente as cenas como em um filme, mas me decepcionou em alguns pontos. Mas antes de qualquer coisa, deixe-me contar um pouco da história pra vocês. 

Evie Dexter é uma londrina muito louca. Sim, definitivamente essa mulher tem um parafuso a menos. Ela divide apartamento com sua melhor amiga Lulu, que é tão louca quanto ela, e ambas são extremamente consumistas. Evie está cheia de dívidas, sem emprego e tenho que dizer, ela tem sérias tendências a ser uma alcoólatra. Nunca vi uma personagem que bebe tanto! Tudo é motivo pra champanhe ou uma garrafa (ou melhor, umas garrafas) de vinho, e na maioria das vezes as coisas terminam com pequenos micos causados pela bebedeira, e ela sempre termina precisando ser resgatada por alguém. 

Evie decide mudar de carreira e, após uns drinks, começa a melhorar o seu currículo com “pequenas” mentirinhas pra conseguir emprego como guia de turismo. Afinal, tem coisa melhor do que fazer algo que ela já adora: viajar, e ainda por cima de graça? Pois é, o louco disso tudo é que ela consegue o emprego mesmo sem nenhuma experiência, graças à mulher que a entrevistou que estava com uma baita ressaca e acabou contratando Evie, e logo a sua primeira viagem seria à Paris. O que não poderia ser tão difícil né? Foi o que ela pensou, bastava ler uns guias e dar uma enganada com o seu francês um pouco enferrujado. 

Mas no dia da viagem as coisas foram bem mais complicadas do que Evie esperava. Depois de ficar trancada do lado de fora do seu prédio e ter percebido que esqueceu sua bolsa com o passaporte e todos os papeis que precisaria pra ser uma guia de turismo “de verdade”, ela decide partir mesmo assim ao encontro do ônibus que a espera, e ver no que vai dar. Ela chega completamente desesperada ao seu destino e conhece Rob, o motorista do ônibus, e ele a ajuda a se acalmar. Rob é lindo e muito atencioso. Assim que se conhecem rola aquela química, então ele logo dá um jeito de fazer com que Evie chegue até Paris. 
“-A última coisa que gostaria agora que te conheci, é passar um final de semana em Paris sem você. - Sua voz era suave, enquanto prendia uma mecha solta de meu cabelo atrás da orelha.” 
Em Paris eles se conhecem melhor e em pouco tempo passam a ser um casal. Evie com todo o seu jeito irreverente consegue se sair muito bem como uma guia, e mesmo com todo o seu jeito atrapalhado e as confusões que se mete, ela ganha a simpatia de todos com quem está trabalhando e tudo parece estar correndo muito bem na vida dela até que, algo totalmente inesperado acontece e ela precisa se afastar do trabalho temporariamente. É então que o nosso querido mocinho, aquele que achamos a coisa mais charmosa do mundo desde o inicio do livro, comete um erro que nos deixa indignada e a vida de Evie vira de cabeça pra baixo. 
"Quando você entrega a alguém a chave de seu coração, ele pode entrar e sair quando quiser, a menos que você ponha uma barreira. Do contrário, existe a possibilidade de que o coração fique permanentemente aberto, permitindo que entre quando desejar e destrua qualquer vestígio de amor-próprio que ainda tenha." 
A primeira critica negativa que eu tenho a fazer do livro é a seguinte, o relacionamento da Evie e do Rob começa como algo totalmente casual, e tudo bem que no inicio fosse assim, afinal eles ainda estavam se conhecendo. Mas de repente as coisas mudam de uma forma que eles estão totalmente apaixonados, e não foi de um jeito natural, foi de repente. Ela até tinha um jeito diferente de mostrar o quão sério se tornou o relacionamento entre eles, o que deixou algumas coisas bem engraçadas com alguns pensamentos dela em relação a ele, mas não mudou aquela sensação de amor instantâneo, e se a autora tivesse investido na historia deles sem tanta pressa tinha sido perfeito, porque é um casal incrível. Mesmo com essa parte que me incomodou, eu torci demais por eles, eram fofos demais! 
"— É nosso aniversário de três semanas— ele disse, levantando o colar. — Sei que não é uma data importante, mas, para mim, é. É que eu entendi que só sou realmente feliz quando estou com você." 
"Também substituí Brad Pitt por Rob em minhas fantasias noturnas. Isso era sério. Até agora nunca tinha me permitido transar com uma não celebridade em meus sonhos." 
Outra coisa que não curti muito foi que, de início é divertidíssimo toda a doideira da protagonista, mas logo você espera que ela comece a amadurecer um pouco e isso não aconteceu de cara, o que me incomodou um pouco durante a leitura. Ela continuou irresponsável e se mostrou até um pouco superficial com alguns pensamentos, por exemplo, quando ela descobriu que o Rob era rico. 

Eu morri de rir do começo ao fim desse livro. Alguns diálogos entre a Evie e a Lulu, ou entre ela e a sua irmã (que é outra doida) foram muito engraçados, e mais ainda com as partes em que as sobrinhas da Evie apareceram. As gêmeas Lauren e Becky são apaixonadas pela tia, mas enquanto Lauren é um doce, a outra é uma pentelha que com o seu humor um pouco incomum pra uma criança, consegue até assustar a Evie, que a compara com a Criança do Milho (Referência ao conto de Stephen King ‘Children of the corn’, no qual se baseou o filme A colheita maldita), e essa cena é engraçadíssima! 
“— Ela está morta? — Becky perguntou, sem emoção. 
— Ela não está morta — Lauren falou com voz estridente, passando a mão em minha sobrancelha. 
— Se ela estiver, quero ficar com a bolsinha de maquiagem — Becky declarou animada. 
Movi-me para trás, para me apoiar na cabeceira, e apontei o dedo para Becky. 
— Não estou morta e, quando eu morrer, você não vai ficar com minha bolsinha de maquiagem. 
Seu queixo desapareceu dentro do pescoço, enquanto ela dava de ombros. 
— Qual é o nome de seu vampiro? — perguntei, acenando com a cabeça na direção do boneco que ela carregava debaixo do braço. 
— Evie, igual a você — ela me informou com orgulho. 
— Que amor!” 
Eu esperava que o livro tivesse uma história mais elaborada, digamos assim. Na maior parte do tempo nós só acompanhamos as viagens da Evie com os turistas, acompanhamos os dramas que acabaram acontecendo na vida dela (que até nessa parte o humor prevaleceu), as confusões, bebedeiras e aventuras. A todo o momento eu fiquei esperando pra ver aonde a autora queria nos levar com aquelas situações, mas elas acabaram se arrastando até praticamente o fim do livro. Confesso que se não tivesse personagens tão engraçados e os diálogos não fossem tão dinâmicos, eu não teria continuado a leitura, por que sinceramente não tinha uma trama que deixava você fascinada pra acompanhar e saber o que aconteceria futuramente. 

O final foi inesperado pra mim, depois de tantos acontecimentos eu não achei que a protagonista terminasse como terminou, até porque no fim do livro você capta um pouco do amadurecimento dela (até que em fim!), e com isso eu achei que ela fosse tomar outra atitude em relação ao que aconteceu com ela (não posso contar porque é spoiler). E também porque a história começou a tomar um outro rumo, então fui pega de surpresa, junto com a protagonista, com as surpresas que estavam preparadas pra ela. 

Eu até gostei do que acabou acontecendo, porque meu lado mais romântico falou mais alto, mas ainda assim eu me senti um pouco irritada quando ela começou a ceder. Foi um livro que me peguei conversando com a personagem: “Você não vai deixar isso passar tão fácil, né?”, “Own, mas olha que esforço ele tá fazendo pra concertar as coisas. Tá na hora de uma chance, né?”, e então eu já mudava pra: “que chance que nada, continua assim garota!”. Enfim, apesar dos pontos negativos eu até curti bastante a leitura. Se eu indico? Sim. É diversão garantida, você vai dar boas risadas, a minha única dica é não iniciar a leitura com muitas expectativas, que nem eu fiz, pensando que ia encontrar uma história de amor super romântica na cidade de Paris, porque não é bem assim que as coisas acontecem. 
"Amar não é encontrar uma pessoa com quem você queira viver junto. É entender que encontrou uma pessoa e que não pode viver sem ela."